Traumas de relacionamentos anteriores te marcam muito,
talvez pra sempre, mas uma hora você ama de novo, é algo maior que você, e nem
isso, nem nada do mundo te impede de se entregar de novo, tentar outra vez.
Sempre soube disso, inclusive sei com a maior propriedade que se pode ter, sei
por já ter vivido. Mas preferi calar meus alarmes e escutar suas palavras, ler
suas atitudes e entender você. E aí começou tudo que não podia ter começado,
começou eu namorando sozinha, acreditando em frases desconexas e coisas vazias.
Eu esperando alguém que não tinha a pretensão de ficar. Você tinha sua vida e
eu tinha você, e pra mim isso bastava. Nossos dias de casal, nossos planos a
dois, nossos momentos a sós. Só era quase um namoro, porque você era quase,
incompleto, covarde, um menino. E meninos sempre enjoam dos brinquedos, mais
cedo ou mais tarde. Demorou, mas você agiu conforme sua natureza, seu tempo,
sua imaturidade. Cada vez te via mais longe, eu dava um passo na sua direção e
você recuava três. Me enchendo de vírgulas, por não ser homem pra botar um
ponto final. Me guardando na estante, pra ir brincar lá fora. Aceitei muita
coisa, mas virar boneca, ah isso eu não pude admitir. Ir embora é coisa de
gente grande, então eu fui, só assim teria fim sua molecagem, não nasci pra
divertir criança. Essa partida dói em mim até hoje, confesso. Tudo podia ter
sido diferente, lindo, especial, nosso. Eu gostava de você por dentro, por
fora, por todos os ângulos. Gostava só porque era você e um dia você vai
entender o valor disso, o meu valor. Quando você não tiver mais carrinhos
bonitos pra emprestar, bonecos caros e roupas legais, o que te cerca vai sumir
e você vai precisar crescer. E é nesse dia que você vai lembrar de mim, de nós,
do que fomos e tudo que poderíamos ter sido, se você não fosse só um menino
encantado com brinquedos caros e banais.
( Marcella Fernanda )
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