quarta-feira, 7 de março de 2012

Cartas




Sinto falta de quando o amor era exposto em cartas. Nesse tempo o autor não tinha medo das palavras. Ele buscava expor o que sentia, e usava da beleza das palavras para alcançar isso. Usava palavras agradáveis, que correspondesse... Sinto falta do amor que existia anos atrás, o amor mais simples. Mas hoje tudo é digitalizado, copiado e colado, plagiado... Amor virou sujeito de frases prontas. Ainda vejo amor na poesia, na alegria da solidão. Vejo amor na ilusão, no pensamento, na covardia de admitir que ama... vejo o amor não aparecer. Vejo o amor naqueles que escrevem cartas de amor, porque estes sim sabem amar, mesmo sem saber o que é o amor.

Você é o amor, amo é seu ser. Quando se diz que ama e vê nisso a verdade, é porque se entrega. Amor é você. Porque você se cuida, se entende, se sente, se dói. Amor é você quando você aprende, quando você cresce, aparece e some. Amor é tua forma de ser, é teu corpo é você. Amor é o que tu dá ao outro sem esperar nada em troca.

Amor é quando se faz uma carta de amor, porque você está sentindo, criando, falando, se escutando. Falando de sonhos (mesmo absurdos e longes), falando de planos (mesmo tendo a certeza de que vai mudar), mas assim escreve. Porque uma carta de amor serve pra concretizar um amor. Você pensa, você sabe, você sente. Mas como o outro vai saber? Escreva!

Amor é quando numa carta tu deixas escrito quem tu és só em falar em amor.

Amor são os teus defeitos, tua imaginação, amor é teu sexo, tua falta de nexo, tua renovação; amor é quando se tem noção de conciliar um com o outro. É quando tu coloca na carta que ama. Porque amar é não querer só o outro, é se dar, esperar que o outro te queira e se querer de volta pra re-amar, e esse eu que volta retorna mudado pelo eu do outro, pelo amor alheio. Eis o princípio da entrega.

( Roberta Galdino )

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Já que tá aqui, comenta vai?